mariquinhas pé de salsa

na semana passada o douto passos coelho
teve uma saída infeliz ao dizer que somos
piegas.
ele não deixa de ter razão. a verdade é que somos
mesmo muito piegas, e para além de ser piegas, gostamos
de fomentar a pieguice e a mariquice.

se temos o dente a doer, ficamos tempos e tempos
na lamentação, que dói.
se nos perguntam 'mas já tomaste algo?
'não???, então, deixa de ser piegas e toma'
ficamos ofendidos.
epá, deixa-me estar com as minhas dores.

nós por cá somos os reis da lamentação.
quando nos perguntam, 'então, como vais?'
a resposta costuma ser ' mais ou menos, tenho dias'
se há que responda 'estou bem pá! e tu?'
'ahh olha assim assim'
...e voltamos ao mesmo.

nós por cá gostamos deste sofrimento, de falar
mal, de perder tempo no trabalho a fazer banners
para o facebook. a fazer piadas fáceis contra
o passos coelho e a sua frase infeliz.

nós por cá, gostamos de criticar o governo, mas depois,
45% das pessoas nem aparece para votar.
'para quê?, são todos iguais'.
e eu até concordo. pois são, mas eu posso reclamar.
porque até me dei ao trabalho de ir votar.

e posso queixar-me de estar à beirinha dos 40,
de estar numa situação profissional complicada,
de ver os meus direitos cada vez mais diminutos, e
de ver o meu futuro contributivo hipotecado...

e o passos coelho foi infeliz com o discurso dele, em que
para pena minha se sublinhou apenas a parte má do discurso.
porque o essencial não foi dito. e era o mais importante.
mas é esta a comunicação social que temos.
a de criar o caos. e nós temos a capacidade de nos
ficarmos pelo que os outros dizem.


"O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, apelou, (...) aos portugueses para serem "mais exigentes", "menos complacentes" e "menos piegas" porque só assim será possível ganhar credibilidade e criar condições para superar a crise."


é preciso ser-se mais rigoroso.
e vamos lá ver, no geral, somos um povo
que se deixa abandalhar. que fica satisfeito
com a nota 9,5, porque arredonda para cima.