quinta-feira, julho 31, 2008

para nao me esquecer

um dos motivos pelos quais eu costumo
escrever, é para nao me esquecer das coisas
que me aconteceram, e para ter a certeza que
elas foram reais.
por isso, se nao quiserem ler o que vai a
seguir saltem de post.

....

sobre a cerimónia da minha avó.
por mais morbido, que possa parecer
foi uma coisa bonita e serena e pachorrenta
bem ao estilo dela.

ela sempre pediu para ser cremada e fez-se a
sua vontade.
a cerimónia dura cerca de 2 horas, entre entrar
para o incineratório e darem-nos as cinzas, de modo
a que as pessoas amigas vão partindo e acabam por ficar
apenas a familia directa. filhos e netos.
e foi bom. porque mesmo assim somos muitos.

depois de nos terem devolvido a nossa avó, fomos
para as docas... sim, leram bem para as docas.
o serviço inclui deitar as cinzas em alto mar.
e assim lá fomos nós todos...que eramos uns 16.
o filhos entraram na lancha, e ainda foram gozados
pelos que ficaram em terra. um dos tios é medroso, e
quando disse que nao queria ir, uma das irmãs, ameaçou
bater-lhe, sem antes o insultar e chamar de maricas.
...mas é assim mesmo nesta familia... ele teria levado
se nao fosse...

e lá foram eles.
1h45m depois regressaram contentes e felizes
e fica a descrição do momento:

'rezamos todos juntos de maos dadas um pai-nosso
pusemos o pote na agua e lançamos as petálas.
e as petalas foram a seguir o pote.
o mar estava calmissimo.
e sem darmos conta, o pote afundou, e foi
tudo muito sereno.'

a minha avó devia estar feliz, porque para
variar, fizeram-lhe a vontade, e eles todos
nao se estavam a pegar.

e a tal sensação de paz invade-me.
a minha avó, está em paz. teve uma
despedida, tal como ela viveu a sua
velhice. pachorrentamente.