O caminho que percorro é de busca.
Muito se fala de politica, mas sem profundidade alguma.
Fala-se mal das leis que se criam, e tenta-se
fugir a elas com esquemas subversivos.
Fala-se com leviandade dos problemas que afectam
a nossa sociedade,mas sem nunca nos queremos envolver.
O problema é dos outros.
Fala-se que estamos a perder a nossa cultura,
mas não investimos no que é nosso.
Abraçamos tudo o que vem de fora,
desdenhamos do que temos.
Fala-se que nos vão ao bolso,
mas fugimos aos impostos.
Fala-se na corrupção, na justiça, mas viramos
as costas sempre que nos pedem para agir.
Fala-se de tudo, mas já não se fala no
coração, ou do coração.
Na minha geração sinto desilusão.
De termos sido arrastados.
Fomos arrastados pela importância das carreiras,
dos cartões de crédito, dos plasmas, dos telemóveis.
Mas já não se fala do coração.
Talvez porque já temos mais de 30.
E, como me dizia uma pessoa ‘ os 30 trazem cada pancada’
Pois levamos … Pois levamos. Todos os dias, em cada esquina.
De quem menos esperamos por vezes.
E aí fazem falta aquelas joelheiras de cor,
que as mães punham nas calças quando éramos
miúdos e o dinheiro não abundava.
Aos 35, aprendemos a levantar, sacudir
os joelhos, e ir andado.
Não temos outro remédio.
Não falamos do coração porque é sinónimo de
desconhecimento.
Somos cínicos em relação ao coração, ao amor á amizade.
Somos todos ilhas isoladas.
As pontes vão ruindo, sob a desculpa da falta de tempo.
Falamos, mas não comunicamos.
Porque, não sei como, tornou-se ..... romper laços,
E contra mim falo.