Estou a ouvir uma música sobre o fim do amor.
Dúvida: mas o amor acaba? Não deixamos de amar o nosso pai, a nossa mãe, os nossos irmãos (por muito sacanas que ele sejam), no entanto, o primeiro passo em falso do namorado/marido/amante (riscar o que não interessa) e lá se vai o amor.
Deixamos de amar porque a outra pessoa engordou ou emagreceu, mudou de estilo, mudou de cor de cabelo, ressona, tira macacos do nariz... enfim, aquelas coisas que, na fase da paixão não nos incomodavam nada e de repente se tornam um problema incontornável à escala planetária.
Se calhar o que acaba é a paixão e não o amor; ou talvez nunca tenha havido amor, mas apenas paixão. De qualquer das formas isto cria uma série de problemas. Senão vejamos:
Há paixão e não há amor - fácil de resolver. A paixão acaba e só temos que informar a outra pessoa. Pode ser por carta, telefone, e-mail, msn, chat... Qualquer coisa tipo "a minha paixão por ti morreu, por favor, devolve-me os CD's que te emprestei pelo correio, porque não me apetece nada voltar a ver-te". O mais simpático, ainda assim, é ter uma conversa com a pessoa, cara a cara, correndo o risco de gastar dois ou três pacotes de lenços de papel para secar o dilúvio que lhe sai dos olhos ou, pior ainda, ter de assistir ao deprimente momento em que a outra pessoa se atira para os nossos pés e implora pelo nosso amor. Caso a outra pessoa diga apenas "ah, está bem", ficamos tristes e deprimidos, havendo a possibilidade de voltarmos a ficar apaixonados. Não vale manter a relação só por hábito. Isso é prejudicial à outra pessoa e impede-a de encontrar alguém que realmente a ame e a faça feliz.
Há amor e a paixão morre - muito complicado. Com o dia-a-dia, o romance, as pequenas atenções, os mimos, os carinhos (... o sexo...) vão para as utigas, de uma forma tão discreta que só damos por isso quando estão definitivamente intalados no meio das ditas plantas. Ora como toda a gente sabe, as urtigas têm picos! Logo, quando se tenta recuperar o que se perdeu, corremos o risco de nos magoar. Deve ser por isso que os casais (ou apenas um dos membros, em alguns casos) desistem e decidem partilhar a sua vida civilizadamente com aquela pessoa que amam, mas mais nada. Por outro lado, ambos sentem a falta de tudo o que se perdeu (provavelmente, do sexo em particular) e vai de arranjarem amantes (que podem ser do sexo oposto ou não). Assim, todos parecem felizes, o que é mentira, porque os membros do casal sofrem com a falta de atenção do outro e a/o/as/os amantes sofrem da ansiedade de estarem destinados a serem eternamente a/o/as/os "outros". Além disso, há sempre alguém que descobre tudo e temos tragédia de faca e alguidar à boa moda antiga portuguesa!
Há ainda a hipótese de o amor se transformar noutro tipo de amor (fraternal, amizade, maternal, paternal...) - a relação torna-se uma seca. Sejam francos: quem é que escolhia para ter ao seu lado para o resto da vida a mãe, o pai, um amigo de infância... Gostamos de os ter sempre ao nosso lado, mas cada um na sua casa, certo? E, pelo menos, não temos que lhes lavar a roupa!
Eu acredito no amor e acredito que não morre. Mas dá muito trabalho!!!
quinta-feira, março 29, 2007
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