e vamos entrar no Carnaval.
um pensamento profundo, de quem já tem a provecta
idade de 32 anos, que é no Carnaval que
deixamos cair as máscaras e revelamos a
nossa loucura.
Será?! Será que conseguimos mesmo despir
todas as nossas máscaras?
No carnaval penso sempre nisso, é um pensamento recorrente.
e ao longo do nao, vou-me lembrando deste
poema do Khalil Gibran
Perguntais-me como me tornei louco.
Aconteceu assim:
um dia, muito tempo antes
de muitos deuses terem nascido,
despertei de um sono profundo
e notei que todas
as minhas máscaras tinham sido roubadas
- as sete máscaras que eu havia confeccionado
e usado em sete vidas -e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente, gritando:
"Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"
Homens e mulheres riram-se de mim
e alguns correram
para casa, com medo de mim
E quando cheguei à praça do mercado,
um garoto trepado no telhado
de uma casa gritou: "É um louco!".
Olhei para cima, para vê-lo.
O sol beijou pela primeira vez minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras.
E, como num transe, gritei:
"Benditos, bendito os ladrões
que roubaram as minhas máscaras!"
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade como segurança
na minha loucura:
e a segurança de não ser compreendido,
pois aquele desigual que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.
(In "O Louco, Khalil Gibran")
quinta-feira, fevereiro 03, 2005
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