quarta-feira, janeiro 14, 2015

Nem sempre tudo é fácil

Os últimos 12 anos tenho vivido fora
do armário, sem invenções, sem uso de artigos indefinidos,
tudo às claras. Não escondo que sou lésbica, nem apregoo que o sou,
se vier à baila numa conversa, lá sai.

Este é um momento feliz da minha vida, mas que não está a ser vivido
da mesma maneira por aqueles que me criaram.
A minha mãe ainda vai ficando contente, acho eu...
O meu pai diz-me que o neto não é dele, e não quer saber...
Depois toda a gente me diz que depois isto passa...
Mas eu conheço o pai que tenho e o feitio de merda
que ele tem, porque o meu é parecido....com a diferença
que não me calo e vou em frente...

Mas, por mais adulta que eu seja, dói cá dentro.
Porque dou por mim a pensar que mal fiz eu?!
Não fui uma miúda de dar problemas.
Fiz a escola normal, não me droguei, não apanheis DST's,
nem sequer acidentes e carro, bebedeiras, noitadas em locais desconhecidos,
.... E no entanto...parece que aos seus olhos, estou em falha
constante.
Eu sei, tento dar o desconto de terem já a idade que têm,
mas não é desculpa....porque mesmo assim, continuo a ser
a filha deles e a sair magoada no meio desta história.



Hoje estou muito triste com isto.

8 comentários:

  1. O seu Pai é quem vai perder!...
    Muita força :)

    Maria

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  2. Que situação... Imagino o quanto isto tudo te magoa.
    Eu ainda não contei aos meus pais sobre a minha orientação sexual e um dos motivos (entre tantos outros) é exactamente o medo que tenho de os desiludir.
    Enfim, nunca temos a vida facilitada.

    Um beijinho grande

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  3. É complicado quando se quer muito a aprovação deles e eles teimam em não fazer um esforço para aceitar. Porque se tentarem até concluem que não é assim tão difícil.

    Pode ser que o teu pai seja vencido pela força dos afectos e o bebé Gil ganhe terreno no seu coração. Não é preciso ser sangue do nosso sangue para que o amor aconteça e seja mais forte e mais importante do que a pureza dos genes...

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  4. Eu ainda lá estou, no armário. E uma das razão para aí permanecer é justamente por medo da reação dos meus pais... Parece-me que tenho um pai como o teu...já sei o que me espera quando finalmente me assumir, mas também acredito que possa ser "passageiro"... Afinal de contas, quanto tempo pode alguém ficar zangado por outra pessoa ser...ela mesma? Enfim, tenho esperança. E sim, dói, mas o tempo...acho mesmo que o tempo pode mudar muitas coisas! :)
    Força. :)

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  5. :) quem conhece o 2º esquerdo tem lá para para os inícios deste blog a saga que foi a saída do armário. Foi difícil, entrei em guerra aberta, uns tantos anos sem falar com o meu pai, assumi de uma assentada toda à família toda. irmãos, tios,primos, avó e afins.
    desde daí que vivo sem máscaras. e que bem que sabe. o medo está em nós, como a Carla diz, quando queremos muito a aprovação deles, a coisa pode tornar-se difícil.
    eu gostaria que o meu meu aceitasse o Gil, mas se não o aceitar, paciência. Ele construiu a família dele, e agora é a minha vez.
    Infelizmente, somos ambos teimosos e mau feitio!!
    Nem sempre tudo é fácil, mas mesmo assim vale a pena.

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  6. Somos nós que tornamos o nosso amor num preconceito. Por vezes (a maior parte do tempo) sinto repúdio pelos meus pais, precisamente por serem pessoas de vistas tão limitadas, retrógrados, moralistas insuportáveis, que me castram a felicidade e me inibem de me afirmar na pessoa que sou.
    Apesar de nunca me ter assumido perante eles, nunca deixei de viver os meus amores. O que existe é aquela espécie de certeza não certificada, do género - eles não perguntam e eu não confirmo. E assim se evitam assuntos delicados e possíveis cortes de relações. Quanto aos outros, estou-me nas tintas para o que pensam ou para os rótulos que já me atribuiram.

    Deixo aqui os votos de muitas felicidades para ti e para a nova vida que em breve fará de ti uma pessoa singularmente realizada.:)

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  7. Concordo contigo Carla, somos nós que tornamos o nosso amor num preconceito. No entanto acho que é uma fase, porque, na minha opinião, que a partir do momento em que perdemos as máscaras, tornamo-nos livre. Mesmo eles sabendo sem saberem, é quase como se fossemos reféns da situação. Lembro-me bem de ter algum cuidado como usava os artigos de género! lol a juntar mais pessoas a umas férias planeadas a 2.

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  8. Nota-se que uma pessoa está mesmo cansada e a precisar da manta e da chávena de chá quentinha, quando troca o nome das "comentadeiras" do blogue ;)
    Estás perdoada!

    E sim, creio que todas nós usamos o mesmo tipo de justificações e desculpas para ludibriar quem nos obriga a tal.
    Com a idade que tenho (quarentona) sinto que cada vez me está mais dificil assumir a minha orientação sexual, na medida em que, o momento certo ou já passou ou não se realiza.

    Obrigada pela partilha e felicidades :)

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